Imóveis compactos crescem em número de lançamentos

Lançamentos de casas e apartamentos compactos já somam mais de 50% de todo o mercado.

21/04/2023 | Por: Imobi News

Os imóveis compactos crescem em número de lançamentos no mercado imobiliário. (Reprodução)

Os imóveis de hoje não são mais como os de antigamente. Enquanto os apartamentos e as casas de nossos pais e avós reuniam diferentes espaços e quartos, agora o conceito é outro. A cada novo empreendimento, é possível notar a diminuição dos espaços e a compactação dos ambientes.
E as informações referentes às plantas atuais comprovam isso. Enquanto os imóveis na década de 1970 tinham, em média, 100 metros quadrados, informações do Sindicato de Habitação de São Paulo apresentam um cenário totalmente diferente. Os dados demonstraram que, em 2022, mais de 50% dos lançamentos de apartamentos na capital paulista contemplam áreas entre 30m² e 45m².
Outra evidência interessante que comprova essa transformação é a metragem imobiliária dos lançamentos no interior de São Paulo, que também foi impactada com a diminuição nos últimos anos. Na região interiorana, a média de tamanho dos imóveis é de 45m², segundo levantamento da Secovi-SP em conjunto com a Brain Inteligência Corporativa.
Mas tudo isso tem um porquê. Para a maioria da população que necessita viver em um grande centro urbano, pode doer no bolso adquirir ou alugar um imóvel amplo. A consequência disso? As construtoras passaram a adotar essa tendência nos seus empreendimentos, até para que o preço caiba no bolso dos clientes.
A área dos apartamentos diminuiu devido aos custos gerais. Em um cenário pós-pandêmico, com aumento dos custos de construção, retorno da inflação e retomada lenta da economia, o poder de compra do brasileiro não acompanhou a alta dos juros. O aumento gradual da inflação entre 2017 e 2022 fez o real perder mais de 30% do seu poder de compra.
Assim, aqueles que não deixaram o sonho da casa própria de lado, optam por empreendimentos mais em conta para suas finanças. Esse movimento está diretamente ligado à mudança de estratégias das construtoras, que também sofreram com o aumento das taxas de juros. De acordo com estudo da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, a Selic nas alturas foi citada como problema por 46,7% dos empresários do setor.
Ou seja, a inflação afeta não somente o cliente, mas também as empresas. Enquanto todos os valores subiam, uma das alternativas para manter o preço dos empreendimentos atrativo foi diminuir, gradativamente, os espaços das unidades. Entre os motivos para essa medida acontecer estão o crescimento exponencial dos materiais de construção, o aumento da dificuldade para angariar empréstimos nos bancos e o não acompanhamento do teto de gastos dos programas habitacionais.
Vale citar que o boom dos pequenos apartamentos não é exclusividade brasileira. Esse movimento imobiliário já vem sendo notado há anos em grandes capitais mundiais, como Nova York, Tóquio e Pequim, que também sofrem com a valorização de imóveis centrais, resultando na diminuição de espaços ou na migração das pessoas para áreas periféricas da cidade.
Entre os públicos-alvo principais dos empreendimentos compactos, é fácil encontrar estudantes, jovens solteiros e casais jovens sem filhos. Isso acontece pelos objetivos diferentes de vida em relação aos seus pais e por dar preferência de investimento para outras coisas, como viagens e estudos.
Além desses perfis, é comum encontrar pessoas que desejam morar mais perto do trabalho. Como os apartamentos maiores e com melhor custo-benefício estão localizados em áreas mais distantes dos centros, há quem prefira trocar o conforto de espaços amplos pela facilidade de locomoção. Afinal, o trânsito de uma grande cidade exige tempo e saúde mental de quem precisa enfrentá-lo todos os dias. Esses motivos se unem aos valores que cabem no bolso de cada um.